O
sistema de criação intensiva empregado na produção de leite, denominado também
de Tie-stall, consiste em um sistema
de criação onde os animais são confinados durante o ano todo, recebendo
alimentação adequada (volumoso, feno e ração) durante todo o período produtivo,
sendo que essa alimentação é fornecida por comedouros dispostos na instalação
de confinamento. (Souza, 2004)
A
manutenção dos níveis alimentares é vantajosa nesse sistema, já que favorece a
alimentação volumosa com mais de 18% de fibra de matéria seca, concentrado
energético com mais de 60% de nutrientes e vitaminas. (Ramos, 2015)
O
confinamento de vacas leiteiras apresenta diversas vantagens como a colocação
de um número bem maior de vacas na propriedade provendo assim um uso racional
da terra e outras vantagens, assim como desvantagens, demonstradas na tabela á
seguir.
Tabela
1. Vantagens e Desvantagens do sistema em tie-stall.
Vantagens
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Desvantagens
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Vacas
limpas
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Dificuldades para prender e soltar
animais
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Possibilidade
de maior atenção aos animais
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Reduz a oportunidade de animais se exercitarem
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Fácil
mecanização
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Muito trabalho caso o manejo não
seja mecanizado
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Maior
conforto para o funcionário realizar seu trabalho
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Maior custo na construção das instalações
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Manejo prático,
principalmente para rebanhos menores
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Menor possibilidade de separação das
vacas por lote e maior possibilidade de estresse
|
Fonte:
Ramos, 2015.
Esse
sistema possibilita que ocorra uma produção constante ao longo do ano, sem que
a produção sofra interferência significativa da sazonalidade climática. (Souza,
2004)
O sistema de criação tie-stall é mais comumente utilizado nos
estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, e, segundo Ramos (2015), os
animais criados nesse sistema apresentam alta produtividade, podendo atingir
índices de até 25 kg/dia, justificando o emprego de mão de obra especializada e
os elevados custos de implantação.
Nesse sistema, as vacas podem ser
ordenhadas até três vezes ao dia, sendo o sistema de aleitamento dos bezerros
artificialmente, com desmama aos 2-3 meses de idade. Os machos são descartados
o mais cedo possível, sendo a maioria vendida para abate e alguns para recria
como futuros reprodutores. Por possuir assistência veterinária constante e
possuir controle sanitário rigoroso, o risco de disseminação de doenças por
meio da comercialização de animais é muito menor do que dos outros sistemas. (Assis,
2005)
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados dados fornecidos pelo Rodolpho Moreira, administrador da Fazenda Colorado, durante a visita pela sua Sede, bem como o referencial teórico, pesquisas e breves discussões sobre o sistema adotado, feitos em aula.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Fazenda Colorado foi fundada em 1964 e em 1982 houve a fundação do Laticínio Xandô, ambos pelo empresário Lair A. de Souza, falecido em 2015.
A área da fazenda é de 1600 hectares, sendo, destes, 550 para milho, 70 para forrageiras e 10 de estrutura construída- desde galpões de confinamento até a área de processamento do leite.
O rebanho é constituído de gado Holandês PO. Atualmente, a propriedade conta com 1750 vacas em lactação, 275 vacas secas e 1900 novilhas e bezerras.
O manejo reprodutivo da fazenda é feito de duas formas: ou por inseminação artificial ou por transferência de embrião. A inseminação artificial sexada é feita até a terceira cobertura em novilhas e de forma convencional é feita mais de três coberturas em novilhas selecionadas e em vacas. A taxa de concepção utilizando a inseminação artificial é de 28,2%, sendo que se faz uso do cio natural do animal. Na transferência de embrião, coleta-se o sêmen convencional e a fazenda possui doadoras próprias de óvulos. A transferência ocorre a cada 21 dias em novilhas atrasadas e em todas as vacas disponíveis no dia. A taxa de concepção é de 40%.
As vacas durante a gestação ficam numa área com sistema "Cross Ventilation" com capacidade para 200 animais, onde eles recebem acompanhamento 24 horas por dia e uma dieta aniônica.
Em 2015 foram realizados 1872 partos e no ano de 2016 este número subiu para 2015 partos.
Os bezerros ficam em uma estrutura suspensa por até 70 dias e a propriedade tem essa estrutura para 700 bezerros. A alimentação dos bezerros consiste em colostro até a terceira mamada, leite bom até o terceiro dia de vida, leite com antibiótico até os 70 dias, feno e ração a partir dos 80 dias, e quando eles completam 100 dias de vida, é fornecido a dieta total.
A nutrição do rebanho é feito com silagem de milho, silagem de capim pré secado, soja, milho moído, polpa cítrica, caroço de algodão, cevada, minerais, gordura protegida, sendo que os cinco primeiros citados são produzidos na própria Fazenda. A ração que é utilizada na alimentação dos animais também é formulada na propriedade.
A ordenha é um dos pontos chave da Fazenda Colorado: em forma de carrossel, possui alta tecnologia. Possui 72 postos, onde é realizada 3 ordenhas por dia em todas as vacas que estão em lactação na propriedade. São ordenhadas 320 vacas por hora. Cada ordenha com os 72 postos completos dura entre 4 a 6 minutos. A produção total da fazenda é de 65.000 quilos de leite por dia, uma média de 35 quilos de leite/vaca/dia. O tempo gasto para ordenhar todos os animais da fazenda é de 6 horas. Como são feitas 3 ordenhas por dia, o carrossel funciona 18 horas seguidas para que o procedimento seja feito de forma completa. Nesse período de 18 horas, existem pelo menos dois funcionários acompanhando todo o processo.
Os animais duros (que precisam de ocitocina para liberar o leite) foram descartados da propriedade.
Quando é detectado um animal com mastite, e essa detecção ocorre quando o animal entra no carrossel e é feito o teste do copinho, a ordenha do animal é feita normalmente e o leite infectado vai para o mesmo local que o leite bom. Segundo o Rodolpho, o leite do animal com mastite coletado passa pelo mesmo tratamento que o leite dos animais sadios (5 filtros) e não interfere na qualidade do mesmo, já que este tanque tem capacidade para 30 mil litros. Assim que o animal sai da ordenha, ele é encaminhado para um lote especial - lote dos animais com mastite. Esse lote é o último a ser ordenhado e o leite vai para um reservatório separado. No dia seguinte, é feito uma avaliação do animal para ver se o tratamento dele compensa ou não.
Para higienização da ordenha após a coleta do leite de um animal com mastite, é passado um ar comprimido para esvaziar completamente os canais por onde o leite passa. Quando ocorre de apenas uma teta ser diagnosticada com mastite, ela é isolada e a ordenha ocorre normalmente nas outras.
A Fazenda possui um estoque das principais peças da ordenha, para caso uma estrague. Faz-se checklist diariamente, semanalmente, mensalmente, semestralmente e anualmente para garantir o bom funcionamento da principal peça da Fazenda Colorado.
O custo de produção por litro é uma média de R$ 1,00 quando animal não tem recria e R$ 1,30 com recria. O leite é vendido para o laticínio da empresa, que fica ao lado da sala de ordenha mas possui CNPJ diferente, por R$ 2,90. Lá o leite é beneficiado e sai com a qualidade de um leite tipo A, que é vendido entre R$ 4,50 a R$ 4,80 no mercado. É produzido leite tipo A tradicional, 0% lactose, Magro A e Light A.
Outro ponto que, segundo o administrador da propriedade, é o segredo de tamanha produtividade da fazenda, é com relação ao tratamento dos funcionários. A forma de trabalhar, de capacitá-los e o espírito de equipe é que faz a Fazenda Colorado ser líder em produção de leite de qualidade.
REFERÊNCIAS
SOUZA, Cecília de F.. Instalações para gado de
leite. 2004. 31
f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Agronômica, Ufv, Viçosa, 2004.
RAMOS, Marcelo Carvalho. ANÁLISE DA VIABILIDADE
ECONÔMICA NA PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMAS DE CONFINAMENTO FREE-STALL. 2015. 151 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Engenharia Agronômica, Ufla, Lavras, 2015.
ASSIS, Airdem Gonçalves de et al. Sistemas de Produção de Leite
no Brasil. Juiz
de Fora: Embrapa, 2005. 5 p.
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